Autor- Welington Rodrigo
Guerreiro que atirou sua lança as nuvens e nada atingiu
Agora briga contra o tempo, só tem alguns segundos de vida, sua respiração está ofegante e seu coração está parando.
Esses segundos parecem ser eternos, ele tenta lembrar momentos bons em sua vida sem ser nos campos de batalhas, tenta lembrar um amor, um sorriso ou algo que faça lutar por mais algum tempo de vida.
Nesse momento percebe que sua vida foi lutar por algo que ele nem sabe bem o que, linha de frente nos campos de batalha, deu sua vida por um Rei e, por um reino que ele nem desfrutou. Em noites mal dormidas, em companhia as mulheres da vida, sua diversão era a embriaguez e a sua coleção de cabeças de guerreiros rivais.
Em seu corpo marcas de longas batalhas e, em seu coração nem se quer um arranhão, protegido por nunca amar, nunca sofrer, sem paz e sem amor. E agora sente uma lança lhe arrancando sangue e surpreso de ver um órgão que achava não existir.
Agora com seus olhos quase fechados consegue enxergar arvores pássaros, crianças, e uma vida que nunca passou em seus olhos. Sorrindo por não acreditar no que está acontecendo, pisoteado por seus próprios companheiros, lembrando de lanças as nuvens em dias que nada aconteceu e, nada atingiu.
As nuvens agora em formato de cabeças de guerreiros mortos por ele, seu sangue escorrendo pela boca logo será bebida de corvos, sua pele alimentara abutres, pois os leões só comem carnes frescas.
O guerreiro agora se despede da vida, seu coração parou sem nunca ter sido usado, ele deixara lembranças. É outono as folhas caem das arvores e cobrem o resto de seu corpo, sua cabeça e arrancada e usada por outro colecionador, outro coração gelado, que vai para casa, se embriagar e celebrar mais uma vitória, sem brilho nos olhos, sem ver as arvores, crianças e nem pássaros no caminho de volta. Talvez veja tudo isso nos seus últimos suspiros, sem ter medo da vida acostumado com a morte, ele continua a beber, ele é apenas mais um de muitos guerreiros de um Rei protegido por seus cavaleiros em sua muralha.
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